André Monteiro**
escorpião, veneno delicado
traços ternos e tesos de guerreiro apaixonado
escorpião, água de entranha
seu segredo sua ferida saída
precisa sina de anjo torto
negra solidão do cosmos
não se trai em sua própria traição
todo dia é dia D
amar-te amor-te morrer
entre hades e ares
o arco aflito do corpo fala com o fogo e o frio na língua
e não encontra palavra
escorpião:
o fim é o início da linha da mão
escorpião é o signo de minha mãe
minha mãe é o signo de escorpião
o signo é o escorpião de toda vida
a vida é o escorpião de todo signo
* ...09 de novembro de 1944 & 10 de novembro de 1972...
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**André Monteiro nasceu em São João Del Rei, Minas Gerais e é
pós-doutor em literatura pela PUC-Rio e professor de Literatura
Brasileira na UFJF. Publicou A ruptura do escorpião: Torquato Neto e o mito da marginalidade (2000) e Ossos do ócio (2001), ambos pela Editora Cone Sul. Participou ainda como co-autor dos livros Antologia Massa-Nova (Fortaleza), Caos Portátil (México) e Livro de Sete Faces (Juiz de Fora).
Poema publicado incialmente no blog Géleia Geral #001
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